Para a realização de Sem Cura - à saúde de Manoel de Oliveira, partimos da ideia de inquirir a presença da medicina, sob os mais diversos aspectos, na obra do mestre. Desde a presença da própria instituição hospitalar concreta (Aniki-Bóbó) ou metafórica (A DIVINA COMÉDIA), até à personagem do doente (O DIA DO DESESPERO, O ESPELHO MÁGICO…) ou do médico (BENILDE, VALE ABRAÃO, JE RENTRE À LA MAISON, CRISTÓVÃO COLOMBO…), passando por inúmeras situações de morte iminente (FRANCISCA, NON, A CARTA…), etc. Constatado o considerável número das situações que envolvem clínica e clínicos no vasto conjunto da obra oliveiriana, abraçámos a tarefa de criar um diálogo entre as várias sequências citadas, de modo a enfatizar os efeitos de sentido de que todas são portadoras. Esse diálogo cruza-se com uma rede de cenas filmadas dentro do Hospital S. João, nas quais o Dr. António Roma Torres, promotor deste projecto, nos serve de guia.